O cigarro não tem mais gosto, a bebida não tem mais sabor. As conversas são vazias e você parece não se encaixar. Encaixar-se pra quê? Os dias frios do inverno ainda se arrastam em ti. A música está sem graça e o vento gelado nem te esfria mais. Mas é você que tá sem gosto, sem sabor. Você que tá vazio e não se encaixa. É você quem tá sem graça, você que tá frio. Tu que tá aí, nesse entremeio de não saber o que quer ou quando quer, é tudo que tá todo errado. Não percebe? Não adianta sentir saudade de um passado que você não faz mais parte.
Não adianta fumar pra aplacar a dor de não pertencer. De nada resolve chegar em casa e queimar um incenso pra te acalmar. Há uma confusão no teu interior. Teu problema é essa gigante introspecção que tomou conta de ti. A solução eu não sei, tu não sabe. Ninguém sabe. Fica assim. Deixa quieto. Uma hora passa.
Ou não. Mas se não passar, Darwin e sua Teoria da Evolução vão se provar certas. Tu vai evoluir e te adaptar. Te acostumar tudo isso. E vai se incomodar de novo, é claro. Afinal, qual é o problema que não te dá um pouco de dor de cabeça? Mas né, passa.
O copo quebrado não volta mais a ser o que era. E nem tu. Mas tu se reencontra por aí, fumando numa esquina e vendo a vida passar. Te afastando do mundo e se aproximando do abismo.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
Já que eu não posso te levar, quero que você me leve.
Os lábios cortados das tuas mordidas. Inúmeras manchas roxas espalhadas no meu corpo: marca dos teus apertões e sucções. O meu peito que agora tem teu cheiro. De que vale todo esse espaço na minha cama se teu corpo não a preenche? Se teu corpo não está agora, aqui, em cima de mim, teus braços segurando os meus, o sorriso malicioso no teu rosto.
Mas o que eu mais gosto mesmo é da tua respiração descompassada no meu ouvido. Do teu abraço apertado e do teu beijo que começa na boca e se espalha por todo o corpo. Dos arrepios da minha pele ao unir-se à tua em plena nudez. Onde está o calor do teu corpo junto ao meu, em meio a tanto frio? Meu quarto sendo o nosso mundo nos finais de semana. A cidade inteira correndo e nós juntos. Perdidos em êxtase e carinho. Minhas coxas por cima das tuas. Tuas mãos nas minhas coxas. Minhas mãos na tua.
Já fazem duas semanas que teus pés não mais caminham descalços em meu quarto. Que teus dedos não mais se entrelaçam aos meus. Que meu gato não deita em teu colo. Que tua respiração lenta não é meu despertador. Há dias o teu colo não é mais casa para meu corpo.
Então vê se volta logo. Termina logo essa faculdade e corre pra mim. Que eu não aguento mais ter que contar os dias pra te ver. Eu quero te ter todos os dias. Todos os minutos. Todos os incontáveis milésimos de segundo. Faz as malas e vem pra mim. Aqui no meu canto, tem repouso e carinho. A vida inteira.
domingo, 24 de maio de 2015
Rain when I die
Não adianta mais acender um cigarro atrás do outro. Minha mente cansou da letargia. Minha mente quer ver gente, quer ver o mundo. Mas a chuva é forte demais. Pelo menos não faz frio. Em noites frias as ausências se tornam mais óbvias. E o teu cheiro ainda está no meu travesseiro. Ainda tem roupas tuas largadas no meu quarto, misturadas na minha bagunça. Bagunça mesmo está meu peito. De vez em quando se enraivece. De vez em quando sente saudade. Mais saudade do que raiva.
A máquina apitou, ficou pronto o café. Tomo uma, duas, três xícaras. Jogo Campo Minado no computador. Fico me perguntando se ainda tem alguém no bar. Se ficaram presos com essa chuva ou se resolveram ir pra casa. Desisto de pensar isso. Eu não vou querer sair na chuva. Fico pensando em toda essa confusão que se instalou na minha mente. Mas só o que vem é a saudade. Saudade, saudade.
Por que eu ainda lembro do teu cabelo roçando minha orelha. Eu ainda sinto falta da nossa coleção de camisetas pretas. Mas eu sigo tomando meu café e fico observando a chuva pela janela. A água que bate em gotas. O café eu ainda tenho. Mas você, não.
quinta-feira, 21 de maio de 2015
O mundo pertence aos loucos
O mundo é dos loucos, meu bem. O mundo é de quem foge da mesmice, desse monte de regras imbecis que a sociedade tenta nos impor. O mundo é dos amantes da madrugada. O mundo é daqueles que bebem e fumam, dos que vivem a vida intensamente todos os dias. O mundo é de quem sai da rotina. O mundo é de quem bota pertences na mala e sai por aí ganhando o mundo. Das pessoas que vivem fora da caixa, que pensam fora da caixa. De quem deixa de ser um fantoche na mão dos outros.
O mundo é de quem anda por aí nas ruas pondo risos no mundo, fazendo estardalhaço enquanto os outros dormem. O mundo é direito dos que sabem sorrir, dos que sabem se divertir, dos que tem sede de vida.
O mundo é meu, meu bem. Eu aprendi a viver. Diferente de você. Você que acorda-trabalha-dorme-acorda-trabalha. Eu não sigo esse ritmo, meu querido. Eu sou descadenciada, eu bebo e fumo, eu durmo tarde e acordo cedo quando quero. Acordo tarde quando eu quero também. Eu tenho um relacionamento sério com a felicidade, eu sorrio de ponta a ponta. Eu durmo com quem eu quiser e eu vou pra onde quero.
O mundo, meu bem, não é dos que sobrevivem. É dos que sabem viver.
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Minha metralhadora cheia de mágoas.
"Dias sim, dias não, eu vou sobrevivendo sem um arranhão..."

De-sâ-ni-mo.
Eis o meu atual estado de humor. Não tenho vontade de fazer nada. Não quero viver nada. Vou por aí me arrastando pelos cantos, esperando algo que mude essa rotina enfadonha, que dê uma girada nas coisas e me anime a vida.
O mesmo café forte de sempre. Eu decidi até cortar o açúcar do café, sabia? Assim fica amargo igual ao meu humor. Tem dias que é melhor nem acordar. Quisera eu ter o direito de dormir por tempo indeterminado. Dormir, sim. O cérebro não gira tão loucamente em volta de pensamentos quando estamos dormindo.
Pudera eu ter aquele tratamento de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Selecionar as memórias pra esquecer. O problema é que nós, seres humanos, somos máquinas muito desenvolvidas. Eu queria ser um computador. Quando a memória estiver cheia, é só deletar alguns arquivos que já não servem mais pra nada.
Mas Cartola já dizia que o mundo é um moinho. O sol nasce todos os dias. E todos os dias ele se põe. Os romances se acabam, mais criança nascem, vidas se perdem e o mundo continua seu ciclo ininterrupto.
A continuidade das coisas é o que me espanta.
Mas eu sei que vamos continuar também.
P.s.: Cazuza e Cartola, dois mestres da música brasileira: obrigada por me inspirarem e cantarem exatamente o que eu sinto.
De-sâ-ni-mo.
Eis o meu atual estado de humor. Não tenho vontade de fazer nada. Não quero viver nada. Vou por aí me arrastando pelos cantos, esperando algo que mude essa rotina enfadonha, que dê uma girada nas coisas e me anime a vida.
O mesmo café forte de sempre. Eu decidi até cortar o açúcar do café, sabia? Assim fica amargo igual ao meu humor. Tem dias que é melhor nem acordar. Quisera eu ter o direito de dormir por tempo indeterminado. Dormir, sim. O cérebro não gira tão loucamente em volta de pensamentos quando estamos dormindo.
Pudera eu ter aquele tratamento de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Selecionar as memórias pra esquecer. O problema é que nós, seres humanos, somos máquinas muito desenvolvidas. Eu queria ser um computador. Quando a memória estiver cheia, é só deletar alguns arquivos que já não servem mais pra nada.
Mas Cartola já dizia que o mundo é um moinho. O sol nasce todos os dias. E todos os dias ele se põe. Os romances se acabam, mais criança nascem, vidas se perdem e o mundo continua seu ciclo ininterrupto.
A continuidade das coisas é o que me espanta.
Mas eu sei que vamos continuar também.
P.s.: Cazuza e Cartola, dois mestres da música brasileira: obrigada por me inspirarem e cantarem exatamente o que eu sinto.
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Em fuga
Estou fugindo, meu bem. Sou eterna fugitiva nessa vida. Fujo da dor, fujo do medo, fujo de tarefas difíceis e fujo de compromissos, fujo de pessoas que me exigem mais do que eu posso dar e fujo do amor também. É, eu fujo do amor. Eu fujo por que eu não quero ter que parar nos braços de um alguém que vai ter outra nos braços. Fujo por que quero evitar a mágoa que um dia poderei ter. Nego os prazeres de amar e ser amada por medo de que um dia isso tudo acabe.
Fujo por saber que não encontrarei sorriso tão doce quanto o teu, que desses corpos que passam por mim na rua, em festas e até mesmo na minha cama, não vão ter teu cheiro e não o calor do teu abraço. Eu fujo de tudo um pouco, mas eu fujo principalmente da distância geográfica que existe entre eu e você.
Fujo pra longe daqui e mais perto daí, por não querer passar mais nem um dia de minha existência sem ter teu carinho, sem tomar um café com leite olhando pra você e sua cara de sono, seu cabelo irremediavelmente bagunçado, sua barba por fazer, o cigarro pendurado nos seus dedos, o sorriso de escárnio para o mundo. E falando em mundo, eu quero fugir desse mundo em que você está sozinho aí e eu sozinha aqui, e ir para um mundo onde eu e você você e eu, nós dois e toda a nossa intensidade estejam juntas, grudadas iguais queremos que estejam nossos corpos, nossas bocas, nossas mãos e nossas almas.
domingo, 10 de maio de 2015
Faz frio.
Um eu sem você, um punhado de dias sem sol e um peito gelado que amor algum além do seu vai ser capaz de aquecer.
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