segunda-feira, 27 de outubro de 2014

I look at you all, see the love there that's sleeping

Ela ligou o rádio e naquela hora tocava George Harrison. Ela não se importaria se estivesse tocando algo ruim, mas uma parte dela se encheu de gratidão quando ela viu que era uma música boa. Calçou as pesadas botas com preguiça, puxando os zíperes devagar. É como se ela não tivesse nada mesmo para fazer. Ela não se importava com atrasos. Ultimamente ela não se importava mais com nada. Nada valia sua atenção. Nada exigia sua preocupação.
Passou em uma padaria ali perto e comprou um café com leite. Só que tava doce demais. Ela acabou jogando fora, reclamando de ter gasto dois reais com aquilo. Merda. Ela odiava que o café com leite não estivesse forte ou adoçado o suficiente. Duas garotas passaram por ela conversando animadamente. Ela já estava de mau humor. Quis mandar as duas à merda. Quis mandar elas calarem a boca. Mas ela não mandava em nada e nem em ninguém.
Decidiu ela mesma andar de boca fechada até encontrar ele. Mas logo ali estava ele, na praça, encostado na árvore com aqueles jeans desbotado. Ela respirou fundo, decidida a fazer o que tinha que fazer. Chegou ao lado dele e chamou-o pra sentar no banco ali próximo. Ele olhou pra ela e viu sua expressão de quem causaria confusão, como a de um cataclisma. Ele sabia que não poderia evitar se acidentar na destruição que ela causaria.
Então ela disse que eles não eram mais um casal. Eram só duas pessoas juntas que tinham medo de ficar sozinhas. Eram dois entes que não mais se amavam, mas que sentiam que de alguma forma dependiam um do outro. Mas aquilo não era amor, aquilo era medo. Era escravidão. E o que ela estava fazendo com ele, não era um término. Era um teste de sobrevivência. Ela queria ver se ambos seriam capazes de enfrentar o mundo sozinhos. E ele tinha medo que ambos falhassem.
E então ela saiu e foi caminhando, mas não pra casa. Na mão, um aparelho de mp3, que conectado a fios, tocava Jethro Tull nas orelhas dela. Na bolsa, um livro do Stephen King. No coração um vazio. Na cabeça uma oportunidade de aprender.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

PhD em quebrar a cara.

Eu sou especialista em dar murro em ponta de faca. Me formei na ciência de sempre fazer algo virar merda e tenho pós-graduação em fazer papel de trouxa. Eu odeio isso. Odeio ser a pessoa que quer acreditar que tudo vai dar certo, quando na verdade tudo vai dar errado, por que é assim que a vida tem sido nos últimos tempos. Eu queria não ser assim. Eu queria ter a consciência que tudo é uma merda, e que tudo vai ir por água a abaixo.

Eu queria principalmente ter o dom de não criar esperança. De não me empolgar com alguma coisa. A essa altura do campeonato eu já deveria ter aprendido, né? As coisas não acontecem quando a gente quer. Nem do jeito que queremos. Nem ao mesmo tempo em que está acontecendo com outras pessoas.

É difícil aceitar isso e parte de mim acha injusto pra caralho. Mas uns simplesmente levam uns fardos mais pesados que os outros (ou colocam mais peso em seus próprios fardos). Talvez eu reclame demais sobre tudo. Isso deve ser outro problema que tenho que tratar. Mais um pra adicionar na lista.

Não dá pra saber se é hora de ficar calma e esperar as coisas melhorarem, ou se é hora de ligar um grande foda-se pra vida e desistir de ter qualquer expectativa, ou de chutar o pau da barraca e xingar tudo e todo mundo que te frusta. Não sei qual o passo certo, mas alguma dessas três atitude eu vou ter que tomar (e logo, visto que a coisa não tem estado fácil). Cansei desses testes que a vida faz com minha paciência. Paciência essa que eu não tenho. Também não sei se quero ter. Ser paciente aumentaria meu nível de trouxice.

Mas olha só que merda, eu só tenho reclamado durante o post inteiro. Tô descontente, tá uma merda e eu quero que mude. Só mude. Mude de algum jeito. Mas porra, que de preferência seja pra melhor, né?

Cansei de apanhar da vida. Agora vai ser a vida que vai apanhar de mim. Que deixem registrado, pois eu tenho dito e irei cumprir.

P.s.: muito mimimi num post só.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Só não me deixe sentado numa poltrona num dia de domingo

Se você disser que eu posso, eu apareço aí sem compromisso. Chego na sua casa pra um café e acabo ficando pra dormir. Afinal, por que não? Tão mais gostoso quando a gente tá junto e a tua mão tá na minha, em perfeita sincronia. Mas tu tens que dizer que me quer. Aí eu corro pro teu lado, fico no sofá contigo enquanto a gente algum filme bobo de comédia romântica. Pode ser? O que importa é que eu quero estar com você. Me chama que eu vou mesmo. Pego um ônibus, atravesso uma cidade e até um rio à nado se for pra te ver. Aguento qualquer dificuldade se o prêmio for seu abraço forte. Se a recompensa for a mistura do cheiro de suor e perfume que fica no seu pescoço.  Me leva pra praia e me pega no colo, do jeito que o Alemão Ronaldo te ensinou. Tenho a felicidade do mundo nas mãos toda vez que você aperta ela e puxa junto ao peito. Aprendo a cozinhar se isso for te fazer feliz. Inventa um motivo pra gente se ver, baby. E se você quiser eu fico a vida inteira. Só não me deixa sozinha por que eu tenho abstinência de nós dois.

P.s.: eu não tô apaixonada e a maioria das coisas que eu escrevo não são verídicas. Além disso, tem o fato de que muitas vezes eu encontrei um texto meu na internet e resolvi trazer para cá. Ou seja: 90% dos textos não são atuais e nem são verídicos. Na hora de escrever eu sou invadida por algum sentimento que nunca tem relação com ninguém (já teve e pode ser que tenha novamente algum dia, mas por enquanto não). Então é isso. Agora tô mais ativa no blog, pra escrever todo o tipo de texto pra vocês.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Forteintensoeprazeroso.



É que ela sempre fica ardendo de desejo essas horas da noite. E quem era eu pra dizer que não, quando minha pele tão desesperadamente precisava da dela, do seu calor e da sua respiração desritmada no meu ouvido. E as suas unhas cravando a minha pele cada vez que meu corpo se impulsionava com mais força de encontro ao dela, e aquela cara de quem quer sempre mais, aquela boca dela gritando e eu ficando louco. E é isso todo dia e é assim que tem que ser. Forteintensoeprazeroso.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Consumismo exacerbado.

Todos nós somos seres imensamente consumistas. Só tentamos justificar nosso consumismo com algo que faça valer, pelo menos para nós. "Ah, eu gosto de viajar. Conhecer gente nova, lugares novos, viver experiências novas.  Com isso que gasto meu dinheiro." BAN! CONSUMISMO! Justificamos nosso consumo em experiências que façam ter algum valor para nós mesmos. "Mas eu só compro livros! Isso é‚ cultura, meu bem. Não é esse consumismo exacerbado. São livros! Gasto com cultura." Outro caso patético de consumismo.
O problema é esse mundo que nos empurra tudo goela abaixo. E tudo tem preço nesse mundo cruel. Pagamos caro pra viver e pagamos ainda caro por essas propagandas que estão tão encarnadas nas ruas das cidades que nos esquecemos como as cidades eram antigamente. A culpa não é nossa. A modernidade nos bombardeia lojas em cada esquina, botequins, farmácias, serviços em geral. Estamos infestado com tudo que é pago. Tudo está  no mercado, tudo exige pagamento. Tudo. Você precisa de fraldas para o seu bebê, você precisa de comida pra viver, você precisa de uma moradia e pra isso precisa dos serviços pagos de água e energia. Tudo isso tem preço e tudo isso custa caro.
E a¡ você tem que trabalhar. Você precisa de dinheiro. Tudo é pago, hoje em dia. Você se sujeita à um serviço medíocre que no fim do mês te dê alguma garantia para que você possa comprar mais. Você está lendo isso de algum aparelho tecnológico que custou caro. Usando roupas que custaram caro, mesmo que você ache que custaram baratos. "Comprei num brechó." Mas alguém pagou por isso, não? Você gasta seu dinheiro para ler, para comer, para viver. Para morrer também.
Não há saídas para o consumismo. Está  impregnado em nós, em nossas peles, em nossas mentes. É um câncer sem tratamento. É a maneira como você nasceu e a maneira como vão estar as coisas quando você morrer. É uma doença, e custa caro pra sarar.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Dias cinzas.

São esses dias cinzas em que o cigarro fica com gosto ruim. Esses dias são aqueles que me sinto como um trem desgovernado, prestes a colidir e causar estrago. Tento voltar pros trilhos, mas o dia tá tão escuro e sem vida, que esbarrar em algo seria a única maneira de trazer ação. Fico repetindo pra mim mesma "que fase, que fase". Mas meu problema é a letargia. Eu nunca faço nada pra mudar esse ponto. E mesmo se eu faço, não é o suficiente. Nunca é o suficiente.