Mais um desses dias em que o pôr-do-sol leva o dia embora em sua carruagem de fogo. E o tempo vai passando, vai sem dó, que dirá piedade, massacrando todos nós, arrastando os segundos como folhas secas ao vento. Vai e leva todos os planos que não foram postos em andamento. O tempo segue e faz crescer os dentinhos dos bebês, assim como os ensina a andar, põe rugas nos rostos das mulheres e aumenta a calvície dos homens.
Mas às vezes eu queria poder não viver, apenas observar, ver os ponteiros do relógio girarem incansavelmente mostrando que o tempo na verdade não espera ninguém. Observar a grama crescer, as árvores deciduais perderem suas folhas no outono, para logo depois o vento gelado do inverno consigo levar.
Queria assistir o coração da garota que se apaixonou pelo colega de sala e ele lhe deu um fora, quanta dor nele vai caber até que o tempo leve embora e não sobre mais nenhuma.
E o tempo é isso mesmo, curador de corações partidos e amenizador ou intensificador de saudades. Envelhecedor de gente/bicho/planta/tudo. Indicador de efeitos gerados por decisões sábias ou infelizes. Transformador de pequenos embriões em grandes adultos.
Esse tempo. Nem bendito nem maldito. Só incessante. Sempre pontual. Cazuza tava certo quando disse que o tempo não parava, não para mesmo.
Mas ainda assim espero que ele seja doce para mim e para você.
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