
Decidi acender um cigarro pra fazer minha fumaça se juntar à poluição da cidade. A parte oeste do céu brilhava em tons de rosa e laranja, aqueles doces e lindos tons de uma cidade prejudicada pela poluição. O sol incandeava, aquela grande e gorda bola laranja de fogo. Do outro lado da avenida cheia de carros barulhentos e motoristas impacientes, eu via ele passar com o skate na mão. Assim que me viu, me deu um tchauzinho e me olhou com aqueles olhos tristes de saudade. Saudade do meu corpo junto ao dele naquela cama de solteiro. Vontade de nos ver de novo pelo espelho, deitados na cama e abraçados. Eu odeio despedidas, por um acaso eu já falei isso? Ele me deixou na parada de ônibus, a enorme mochila nas minhas costas. Beijou-me o rosto, pois sabia que se me beijasse na boca nenhum dos dois iria pra casa.
Fiquei aqui fumando sem saber se eu estava tonta do cigarro depois de 6hrs de jejum ou se ainda estava com a presença - e agora ausência - dele. A espera pelo ônibus parecia interminável agora que ele não estava mais aqui. A vontade era correr na direção contrária, mesmo que isso significasse ficar naquela zona de poluição que é a região metropolitana. Ou de ter ele na serra.
Malditas sejam as aulas que teríamos à noite. Maldito seja o trabalho no outro dia. Eu só queria ficar com ele, em um lugar mais calmo, de preferência. Eu queria o sexo com ele e o abraço preguiçoso no fim de tudo. Corpos exauridos. Almas satisfeitas.
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