segunda-feira, 23 de junho de 2014

Wherever tomorrow brings, I'll be there



With open arms and open eyes, yeah.

Saio caminhando por aí nas noites geladas. Desses dias em que a fumaça do cigarro se mistura à cerração que mora no ar da minha cidade. Dessas vezes em que você termina de ler um livro do Kerouac e quer sair andando por aí. E aí bate aquele desejo de ter uma linha de trem na sua cidade. Pra quê? Pra andar por entre os trilhos. Pra deitar nos trilhos até sentir eles tremendo e bater aquele medo, levantar correndo, sair dali e ver o trem passar. Mas eu também gosto de calma. Eu gosto também de sentar no alto de algum morro e ficar fumando meu cigarro enquanto observo uma gorda lua. Dessas luas enormes, sabe? Eu gosto. E aquele vento frio batendo no pescoço, fazendo arrepiar os pêlos da nuca. E eu gosto do frio. Principalmente daquele frio seco.

E a noite me agrada. Principalmente aquelas noites claras em que se dá pra ver a intensidade do brilho das estrelas. Mas minha alma quer andar. Palmilhar por aí. Não sei para onde, não sei por onde. O cérebro sai do comando e deixa a alma me guiar. A alma toma conta das minhas pernas e eu vou caminhando sem destino, sem direção. Acendo outro cigarro. Combustível. Deixo o vento me levar. Deixo a alma me guiar. É estranha e boa a sensação de plenitude de quando o corpo trabalha e a mente se aquieta. Enquanto isso, mais um cigarro. Vou caminhando por uma rua que nunca vi. Não sei onde vai dar. Acho que volto pra casa quando acabar a carteira de cigarros. Quando o corpo cansar. Quando a mente estiver satisfeita das caminhadas em que as pernas me levam.

Mas volto com a alma leve. Livre. E ao mesmo tempo, plena. Cheia de coisas boas. E livre das ruins. Volto com o pulmão cheio de fumaça, de nicotina. Na boca, o gosto doce que o cigarro deixa nos lábios. Nas bitucas do cigarro, marcas do meu batom vermelho. Volto pra casa e tem um livro de algum poeta beatnik em cima da cama. Mais um livro que vou ler, e quando terminar, onde vou bater? Não sei. Só sei que pra onde eu for, terei um bom casaco preto e no bolso um isqueiro e uma carteira de cigarros. E tô pronta pra outra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário