Eu gosto do vento. Da sensação do vento ao tocar minha pele. Suave e ao mesmo tempo marcante. Eu gosto de quando o vento bate forte, de arrepiar pele, de bagunçar o cabelo, de fazer fecharem os olhos. Gosto de abrir e fechar a mão e apreciar a sensação do vento fugindo descontroladamente de minhas mãos, como se nada pudesse o controlar. E nada pode mesmo. O vento tem uma vida que só nele floresce. Essa força natural que desateia nós e destelha casas. Imponente e curiosa. Intensa ou generosa. Aflição em dias de chuva, alívio nos de calor.
Eu gosto do vento. Gosto do barulho que ele faz quando o carro sai cortando a estrada e dá de encontro a ele. Gosto de imaginar a forma do vento. A cor do vento. Gosto de ouvi-lo chacoalhar enfeites de portas. Gosto do tremular que ele causa ás folhas de árvores. Do barulho que o vento faz quando entra na madeira e a faz ranger, como se a casa inteira reclamasse da artrite. O vento que sacode o vestido da moça. Que faz voar a capa do velho. Esse vento poderoso que gera energia com os parques eólicos. Éolos. Deus dos ventos. Controlador dessa força desatinada que parece não ter dono e nem direção.
Mas eu gosto de abrir meus braços contra o vento. Eu gosto de sentir o vento batendo em minhas costas, em minhas costelas. Eu gosto de sentir meu corpo bambear para frente e para trás com essa força, de sentir o corpo ameaçar desequilibrar mediante essa força. Eu amo o som do vento dobrando a esquina, fazendo a curva, e vindo de encontro até a mim. Eu quero a força e a serenidade do vento. Pudera eu voar para ter o vento como constante companheiro e amigo. O vento me agrada. O vento me acalma. O vento me contenta. O vento, ah, ele me tenta.
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