sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Sobre medos.


- Lucas, eu tô com tanto medo.

- Medo de quê, Cris?

- Medo de viver. De sair de casa e me arriscar. A vida é tão assustadora, sabe? Queria só me esconder em uma bolha onde eu pudesse ver o mundo, mas ficar trancada ali dentro.

- Medo de viver? Mas você vive. Você respira. Come, dorme, tem necessidades físicas.

- Não vivo. Eu sobrevivo. Eu tenho medo de ir em uma balada, conhecer um cara legal, dar meu número de telefone e ele me ligar. Aí a gente sai, fica, começa a namorar, ficamos anos juntos e poof: acaba. Tenho medo de sofrer novamente por amor. Não dá pra eu ficar sozinha?

- Claro que dá, boba. Mas é isso que você quer? O pensamento de sofrer por amor te assusta tanto assim?

- Não é só isso. Eu tenho tanto medo de mudar de emprego. O meu é uma merda, mas sabe, me mantém. Eu sei o que fazer lá. Tenho medo de ir pra outro e ficar perdida. Tenho medo de conhecer uma pessoa, me tornar amiga dela, e depois descobrir que ela não é tudo aquilo que eu pensava. Tenho medo de ficar velha e sozinha. Tenho medo toda vez que meu celular toca e pode ser alguém me ligando e falando que um amigo ou familiar morreu. Tenho medo de pegar chuva e ficar doente. Tenho medo de por injustiça do destino, ser presa. De ser a pior da turma. De me olhar no espelho e não gostar do que vejo. Enfim, tenho medo de viver.

- É... eu também.

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