quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Andarilho só

malfeito feito! (436)

Ando por aí. Andarilho vagabundo. Não tenho casa, não tenho lar. Não tenho raízes. Não tenho pra onde voltar. Me desprendi do mundo. Vi as paredes do universo ruírem, e caírem logo em seguida. Vi coisas que ninguém nunca notou. Porque tudo aconteceu no meu próprio mundo, e por isso, me fecho pro mundo dos outros. Me fecho em tanta dor, que não cabe em mim. Por onde passo com meus passos vadios, causo sufoco, pânico. Agonia. Minha dor contagia. Dor de quem já foi escravo do teu sorriso. Dor de quem já comeu migalhas do teu amor. Dor de quem já se contentou em ter apenas minutos de tua presença. E me bastava. Me satisfazia esse amor miserável. Me satisfazia a miséria que era tua atenção a mim. E tu arruinou o pouco que me era muito. Sorriu na despedida, quando me deu o nada. Por isso eu sofro. E de tanta dor, de tanto pranto, não consigo mais parar em um só lugar. Minha dor arruina vidas. Minha dor destrói almas. Minha agonia aniquila sonhos. Por isso eu ando por aí. Infinitamente. Sem parar demais em algum canto. Esperando recuperar um dia um sorriso que não me pertence mais. Está em tuas mãos. E tu, cruelmente brinca com ele. Por isso eu sigo. Como andarilho vagabundo. Sem nunca parar. Sem nem sequer respirar.

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