terça-feira, 15 de julho de 2014

Mas era só mais um.

Ele me falou que era fumante só de fim de semana. Debati-me com o pensamento que ou uma pessoa é fumante ou não é. Ele sorriu ao ver a contrariedade no meu rosto e falou que simplesmente não tem tempo de fumar. Que prefere fumar bebendo um copo de cerveja ou uma taça de vinho. Fiquei intrigada. Aquilo era estranho e sem sentido, mas ele tinha um sorriso tão bonito. Sabia como e quando sorrir. Fiquei conversando com ele e começamos a falar de uma vasta imensidão de coisas, desde os livros do Herman Hesse até a nova série de Cosmos. Perdi-me na conversa com ele. Mas ele me achou. Tinha um jeito todo seguro e ao mesmo tempo cauteloso de perguntar-me meus gostos e intimidades. É impossível apaixonar-se em uma noite, mas eu sempre tive um dom pra conseguir coisas que aos olhos dos outros não havia possibilidade.

Decidiu me deixar em casa ao fim da noite. Perguntou se eu morava longe dali, retruquei indagando se ele me deixaria em casa mesmo se eu morasse longe. Ele tragou mais um pouco do cigarro e abriu um sorriso. "Lógico", ele disse. "O papo está muito bom pra você morar perto. Eu não queria encerrar o papo. Fiz o caminho mais longo pra casa. Era uma infinidade de assuntos sem fim. Lembro que em algum momento falei alguma coisa engraçada na hora que ele tava levando a fumaça pro pulmão. Ele abriu a boca e riu, a fumaça saiu. Achei aquilo tão bonito. Encantei-me um pouco mais.

Mesmo andando devagar e enrolando pra chegar em casa, ainda havia papo. Não sei como e nem por que, mas ainda havia dentro de nós várias questões a ser tratadas. Pensei em deixar algum assunto pra outra noite, mas ele pediu pra entrar e conversarmos mais. Apenas sorri e abri a porta, convidando ele pra subir as escadas e entrar no meu apartamento. "A sala é pros fumantes", eu avisei. Ele logo se atirou em um dos sofás e eu fui pegar alguma bebida. "Não sei você", eu falei, logo dizendo: "mas eu prefiro um vinho." Ele perguntou o motivo de eu preferir vinho e eu falei que ia me esquentar. Ele me convidou pra sentar no sofá, sentei junto com ele. E aí todo o assunto pareceu acabar. Só ficamos abraçados, fumando. Uma aura de fumaça envolvia a gente. De repente eu não sentia mais frio. De repente ele entrou na minha vida e não foi só mais um. Esse ficou. E ainda fica.

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