sexta-feira, 14 de março de 2014

I've dreamt about you nearly every night this week



Sonhei com você aqui. Aliás, como não sonhar? É aquela fase em que você passa o dia pensando em alguém, e inevitavelmente, acaba sonhando com essa pessoa. É desses truques da mente pra não te deixar esquecer da pessoa nem por um segundo, nem durante seu sono. E aí dá aquela vontade de quando acordar, olhar pro lado e ver que não é um sonho e que a pessoa tá ali do seu lado, se perguntando por que você sorri enquanto dorme.

É que cada vez que eu sonho contigo é uma delícia, e toda vez que eu acordo e não te vejo ali é uma tortura. Fico torcendo para essa meretriz que é o tempo girar rápido os ponteiros do relógio da vida, girar rápido o suficiente pro mundo ter um você e eu mais próximos. E eu gosto de você por que você me acompanha no bloco do eu e você e nós dois não mais sozinhos. E eu gosto de te ter por que me faz feliz te ver feliz.

Corre depressa, tempo. Quero ter o meu amor e deixar ele tomar conta de mim.

segunda-feira, 10 de março de 2014

As gêmeas

Aos 9 eu ganhei um irmão chamado Abner (lê se ábiner). 9 anos sendo filho única e poof - tive que aprender a dividir a atenção da minha mãe. Meu consolo é que por parte de pai eu ainda era filha única. Passam mais 9 anos, eu já tinha 18, já não morava mais em casa e recebo uma ligação da minha mãe. "Rafa" ela dizia. "Estou grávida." Dias depois me ligou chorando, falando que teve um sangramento enorme e tinha perdido o bebê. Fiquei triste, mas enfim, tocamos a vida pra frente. Mais uns dias se passaram, e durante esses dias ela reclamava constantemente de cansaço e ainda tinha pequenos sangramentos. Resolveu ir fazer uma ultrassonografia, e mais uma vez meu telefone tocou. "Rafa... eu ainda estou grávida." Aí pensei que aquilo era inusitado e louco, mas antes de falar algo, ela disse: "São dois bebês... De placentas diferentes."

[caption id="attachment_378" align="aligncenter" width="620"]tatá e lili (1) Giz de cera das gurias e uma das poucas obras de arte da Lissandra que está no papel, e não na parede.[/caption]

Minha mãe me arrumou mais dois irmãos ou irmãs. Aos 40. Descobrimos que eram duas meninas. A gravidez era de risco, mas elas nasceram. E a nossa supresa ia aumentando à medida que elas iam crescendo. Uma loirinha e branquinha, outra morena. Uma mais alta, outra mais baixa. Uma mais cheinha, outra mais magrinha. Uma comunicativa e brincalhona, a outra mais quieta. A morena é a Lissandra, a mais nova, a mais baixinha, a mais arteira. A loirinha é a Thaíssa, a que nasceu primeiro, que quase foi perdida, já que os sangramentos prejudicavam ela, que tava mais em baixo. Pessoalmente, a Lili brinca e interage mais que a Thaíssa. Fotograficamente, é ao contrário. A Thaíssa é fotogênica sem fazer esforço, deixa minhas fotos mais bonitas, enquanto a Lissandra faz de tudo pra não ser fotografada. Mas enfim. Contemplem as fotos.

tatá e lili (3)

tatá e lili (5)

tatá e lili (2)

tatá e lili (4)

tatá e lili (7)

tatá e lili (6)

Obrigada por acompanharem até aqui, um grande beijo!

domingo, 2 de março de 2014

Oh chuva, só peço que caia devagar...

... só molhe esse povo de alegria, para nunca mais chorar.

Aleatórios (58)

Faz um ano que eu sou moradora da Serra Gaucha. Fui me acostumando com esse tempo maluco, que nesses tempos de "verão", a gente pode usar um shortinho de tarde, mas se fica mais um pouco com shortinho, te prepara pro frio!

Mas eu vim de um lugar onde o frio é palavra que causa inveja. Eu vim de um lugar seco, vim do sertão, que não é exatamente do jeito que as pessoas imaginam. Eu não os culpo, pra falar a verdade. Se você ligar a televisão na hora do jornal e passar falando sobre a seca, vão falar sobre a seca. Não falam sobre a parte promissora do sertão. Quando falam de Quixeramobim (minha cidade, minha terra, meu eterno lar e o lugar que eu defendo com um orgulho doido, e que aponto o dedo onde estão os erros), não falam da cidade que cresce rapidamente, que se torna completamente diferente de um ano para o outro. Não. Eles falam sobre a seca.

Me doi tanto. Me machuca o coração, me aperta o peito, me aflige e me enlouquece lembrar de como a situação estava. Ir no interior (interior para nós, quixeramobinenses, não são as cidades fora da região metropolitana, mas sim os distritos da cidade) e ver carcaças de vacas mortas. Ver banco filho da p*** explorando o agricultor que não teve safra boa, mas que vai ter que pagar as dívidas com juros altíssimos. Ver todas as plantas amarelinhas, o sofrimento no rosto desse povo que é tão querido e tão humilde. Não humilde de ser pobre, de não ter riqueza. Humilde de ser gente maravilhosa de boa, que não pensa em maldade, que faz de tudo pra ajudar. Eu tô aqui, fazendo Gestão Ambiental, tentando descobrir uma maneira de fazer algo pra melhorar a situação. Ainda sou dessas que sonha em melhorar o mundo. Ah, dane-se. Tenho vinte e um anos e gosto de ser assim, e daí?

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Quando eu cheguei aqui no Rio Grande do Sul, o calor tava forte. Quatro dias depois, esfriou um pouco e deu aqueles dias de manhã e tarde escuros, de tempo cinza. Começou a chover. Dentro de mim não choveu, mas de repente eu fiquei tão cheia que a água transbordou pelos olhos. Quis sair pra tomar banho de chuva, mas meu namorado na época não me deixou. Ele não entendia. Não entendia que eu tinha visto algo que eu vira durante 15 minutos (se muito) durante um ano inteiro. Que eu tinha acabado de sair de uma terra onde as vaquinhas estavam magricelas e caindo de tão fracas. Onde caiam, acabavam morrendo. Vocês aí, na frente do computador, não sabem o quão triste é viver em um lugar onde a água se recusa a descer do céu e nos fazer uma visitinha. Eu vim de uma terra que o padroeiro é São José e no Dia de São José (que é 19 de março) tem que chover. Se a chuva for forte e longa, felicidade no sertão! Se for fraquinha, só adianta rezar e esperar que seja melhor do que o esperado. Se não tiver chuva, a tristeza se espalha entre os agricultores. Sempre acompanhei com muito carinho essa crença, mesmo sendo criada por uma mãe evangélica e me tornando descrente de qualquer coisa lá pelos quinze. Hoje (26/02) tá chovendo aqui e eu sinto vontade de chorar. Por que apesar de a situação estar realmente melhor, de ter chovido bem mais que o mesmo período do ano passado (e muito mais que no ano retrasado, que foi um dos piores dos últimos sei lá quantos anos), eu quero mais chuva no Ceará. Me pego constantemente pensando: "uns com tanto, outros com tão pouco." Eu chego a desgostar da chuva aqui. Fecho a cara quando chove, penso que vou ter que calçar bota, carregar guarda-chuva pra todo lado e mesmo assim chegar encharcada em qualquer lugar que eu visite.

Queria mandar essa chuva pro Ceará. Queria molhar a minha terrinha. Queria que minhas lágrimas (eu sou boba e choro escrevendo, perdoem) se multiplicassem e se transformassem em chuva pra abençoar meu povo. Pra fazer o mato crescer, e minhas vaquinhas comendo e ficando fortinhas (ganhei uma vaca, a Manchete, quando nasci e outra, a Guria, quando fiz 7 anos, tenho uma pequenininha "plantação de vacas", como eu falava quando criança). Só quero é que chova mais e que as coisas por aquelas bandas de aculá melhorem.

Eu só quero é ver as gotas de chuva caindo no rosto do povo do sertão. É o que eu quero.