domingo, 28 de dezembro de 2014

May (be) sadness.

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Era uma dessas manhãs tristes de maio. Maio sempre tem uns dias tristes. Esse dia não deveria ser triste. Não chovia, não era tão frio. Mas ao mesmo tempo, dentro de mim o clima era outro. Tudo estava gelado. Eu sabia qual era o problema. Era a falta, era a tua falta. Falta de ver os primeiros raios da manhã com você ao lado. Mas o tempo é um senhor implacável que age como bem entende. O tempo veio como enxurrada e levou tudo o que havia. De bom. De ruim. Sobrou o imenso vazio da escuridão dentro de mim. Nem a manhã desse dia, capaz de iluminar a janela fechada do meu quarto, trazia quietude ao coração. Ao corpo. À alma. E foi aí que tudo se tornou frio dentro de mim. Frio de fazer coração usar cobertor. Tentando se manter quentinho na escuridão gélida do meu peito. Apesar de tudo, ele continuava batendo lá, o maldito. Animadamente, incessantemente. Incontrolável. Acabou -se o fogo, apagaram as chamas. Tudo o que restou de mim foi consumindo pela escuridão que se estabeleceu em mim como quem compra casa nova e nunca mais quer sair. Vou seguindo assim. Um coração pulsando num peito frio. Uma mente inquieta. Um corpo sempre cansado. Meu medo é nunca mais brilhar de novo por dentro. Tento me nortear em vão. Sigo perdida. Não, não pretendo ser salva. Não por você, na verdade, nem por ninguém. Me deixa aqui com a falta de luz dentro do peito. Curtindo mais um dia triste e lamuriento de maio.